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17/09/2025
Crianças que passam horas diante de telas, com pouca ou nenhuma atividade física, têm maior risco de desenvolver problemas de saúde desde cedo. O sedentarismo infantil já é considerado uma preocupação mundial, pois afeta não apenas o peso e a forma física, mas também o desenvolvimento motor, a saúde mental e a socialização. Dados recentes mostram que uma grande parcela das crianças não atinge a quantidade mínima de atividade física recomendada por organizações de saúde, o que amplia o risco de obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão e até complicações respiratórias. Além disso, o comportamento sedentário prejudica a postura, favorece dores musculares e reduz a disposição para tarefas escolares e sociais.
Outro ponto de atenção é a relação entre sedentarismo e aspectos emocionais. Crianças menos ativas tendem a apresentar níveis mais altos de estresse e sintomas de ansiedade, já que a prática de exercícios libera endorfinas, melhora a qualidade do sono e ajuda na regulação das emoções. A baixa autoestima também é comum em crianças sedentárias, pois a dificuldade para participar de brincadeiras e esportes muitas vezes leva ao isolamento social, dificultando a formação de amizades e a integração com os colegas.
O aumento do peso corporal é um dos sinais mais evidentes, mas não é o único indicativo de sedentarismo. Quando a criança demonstra resistência a atividades que exigem movimento, prefere longos períodos em frente a telas, apresenta dificuldade em corridas, saltos ou até caminhadas curtas e demonstra cansaço rápido em brincadeiras físicas, pode ser hora de avaliar a rotina. A alimentação também desempenha papel central, pois hábitos alimentares inadequados, combinados à inatividade, potencializam os efeitos do sedentarismo. Refrigerantes, doces e alimentos ultraprocessados, quando consumidos em excesso, aumentam o risco de sobrepeso e impactam negativamente a saúde geral.
“Os pais devem observar não apenas o peso da criança, mas também a disposição para brincar, correr e participar de atividades coletivas. Pequenas mudanças no comportamento podem indicar que ela está levando uma vida pouco ativa”, orienta Juliana Figallo, coordenadora de educação infantil do Centro Educacional Pereira Rocha, de São Gonçalo (RJ).
Especialistas recomendam que crianças pequenas não passem mais de uma hora por dia diante de telas, enquanto as mais velhas devem limitar o tempo de lazer em dispositivos eletrônicos a no máximo duas horas diárias. No entanto, pesquisas mostram que muitas ultrapassam esse limite, substituindo brincadeiras ao ar livre e esportes por vídeos e jogos digitais. A redução desse tempo exige um esforço conjunto da família, que pode estabelecer horários para uso de eletrônicos e oferecer alternativas atrativas, como passeios em parques, jogos de tabuleiro, leitura compartilhada e participação em tarefas domésticas que envolvam movimento.
Além disso, transformar o exercício em parte da rotina ajuda a naturalizar a atividade física. Caminhar até a escola quando possível, subir escadas em vez de usar elevadores e reservar momentos para andar de bicicleta ou brincar em praças são formas simples e eficazes de aumentar o gasto energético diário. Essas ações, mesmo que curtas, acumulam benefícios importantes para a saúde física e mental.
Não há como falar em prevenção do sedentarismo sem mencionar a alimentação. Dietas ricas em frutas, verduras, legumes, proteínas magras e carboidratos de qualidade fornecem a energia necessária para que a criança tenha disposição para se movimentar. Por outro lado, o consumo frequente de fast food, doces e bebidas açucaradas contribui para o ganho de peso e reduz a vitalidade, tornando as crianças ainda mais propensas a uma rotina sedentária.
Criar uma rotina alimentar equilibrada é tão importante quanto limitar o tempo de tela. Quando a família adota refeições mais saudáveis e participa de atividades físicas junto com as crianças, os hábitos positivos tornam-se parte da vida cotidiana, facilitando a adesão e a manutenção a longo prazo.
Juliana Figallo acrescenta que “as mudanças de comportamento precisam envolver toda a família. Não adianta pedir para a criança se movimentar se os adultos não dão exemplo. Quando pais e filhos praticam juntos, os resultados aparecem mais rápido e se mantêm por mais tempo”.
Forçar a criança a praticar exercícios sem respeitar suas preferências pode ter efeito contrário, gerando resistência e desmotivação. O ideal é apresentar diferentes possibilidades e deixar que ela escolha as atividades que mais gosta. Esportes coletivos, como futebol, vôlei ou basquete, ajudam na socialização, enquanto aulas de dança, lutas marciais ou natação podem atrair aqueles que preferem práticas individuais ou mais dinâmicas. O mais importante é que a atividade física traga prazer, pois isso aumenta as chances de que ela seja mantida ao longo dos anos.
Outra estratégia eficiente é misturar exercício e lazer. Trilhas leves, passeios de bicicleta em família, gincanas no quintal ou até caminhadas com animais de estimação tornam o movimento parte da diversão, e não uma obrigação. Quanto mais cedo a criança associar atividade física a momentos de alegria e convivência, maior será a probabilidade de manter esse hábito na adolescência e na vida adulta.
Embora a família tenha papel central, escolas e comunidades podem oferecer apoio fundamental para a redução do sedentarismo. A criação de espaços seguros, como praças, quadras e parques bem cuidados, incentiva a prática esportiva e garante que as crianças tenham onde brincar com segurança. Projetos comunitários, campeonatos escolares e eventos esportivos também contribuem para despertar o interesse pelos exercícios e promover integração social.
No ambiente escolar, mesmo sem focar na grade curricular, a valorização de atividades que envolvam movimento, como brincadeiras no recreio, eventos esportivos anuais e parcerias com academias ou clubes locais, pode ampliar as oportunidades para que as crianças se mantenham ativas. A escola atua como ponte entre famílias e comunidade, reforçando a importância de hábitos saudáveis e ajudando a criar uma cultura que valorize o movimento.
Crianças que praticam atividade física regularmente apresentam melhor desempenho escolar, pois o exercício melhora a concentração, a memória e a capacidade de resolver problemas. A liberação de endorfinas durante o movimento ajuda a reduzir sintomas de ansiedade e depressão, aumentando a sensação de bem-estar. Além disso, uma infância ativa contribui para a formação de adultos mais saudáveis, com menor risco de doenças crônicas e maior disposição para enfrentar os desafios da vida.
Evitar o sedentarismo desde cedo, portanto, não é apenas uma questão estética ou de peso corporal. Trata-se de investir na saúde física, emocional e social das crianças, garantindo que cresçam com qualidade de vida, autonomia e autoestima fortalecida.
Prevenir o sedentarismo infantil exige mudanças simples, mas consistentes, que envolvem família, escola e comunidade. Reduzir o tempo de tela, oferecer alimentação equilibrada, estimular atividades físicas prazerosas e dar exemplo em casa são passos essenciais para garantir que as crianças cresçam saudáveis e ativas. Quanto mais cedo esses hábitos forem incorporados, maiores serão os benefícios para o desenvolvimento físico, emocional e social.
Para saber mais sobre sedentarismo, visite https://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/obesidade-infantil.htm e https://www.pastoraldacrianca.org.br/obesidade/sedentarismo-infantil