13/08/2025
A dislexia é um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica que compromete a precisão e a fluência na leitura, a escrita e a interpretação de textos. A condição afeta a capacidade de associar letras e sons, reconhecer palavras e compreender estruturas gramaticais, dificultando o desempenho escolar. Não há relação entre dislexia e nível de inteligência; pessoas com essa condição podem alcançar excelentes resultados quando recebem acompanhamento adequado.
O impacto da dislexia pode ser sentido desde a fase de alfabetização, com dificuldades para aprender a ler e escrever, até etapas mais avançadas da vida acadêmica. Crianças disléxicas tendem a apresentar leitura lenta, escrita desorganizada e maior esforço para compreender textos, o que pode gerar frustração e desmotivação. Reconhecer esses sinais e agir cedo é essencial para minimizar prejuízos e fortalecer a autoconfiança do estudante.
Dificuldades de aprendizagem relacionadas à dislexia podem se manifestar antes mesmo da alfabetização. Na educação infantil, alguns sinais de alerta incluem atraso na fala, dificuldade para aprender rimas, problemas na memorização de músicas e pouca habilidade para organizar sequências, como os dias da semana. Alterações na coordenação motora fina, como dificuldade para segurar lápis, também podem aparecer.
Durante os primeiros anos escolares, os sinais mais comuns incluem:
Troca de letras com sons semelhantes, como “p” e “b” ou “d” e “t”;
Lentidão para aprender a ler e escrever;
Dificuldade em compreender e lembrar o que foi lido;
Erros frequentes de ortografia;
Desorganização ao copiar conteúdos da lousa;
Problemas na estruturação de frases.
A persistência desses sintomas, mesmo com ensino adequado, indica a necessidade de uma avaliação especializada para confirmar o diagnóstico.
Não existe exame clínico único para identificar a dislexia. O diagnóstico é obtido a partir de uma avaliação multidisciplinar, envolvendo profissionais como fonoaudiólogos, psicopedagogos, psicólogos e neurologistas. Esse processo inclui entrevistas, análise do histórico escolar, aplicação de testes específicos e observação do desempenho da criança em diferentes tarefas.
Distinguir a dislexia de outras condições com sintomas parecidos é fundamental. O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), por exemplo, está relacionado à dificuldade de concentração e impulsividade, enquanto o Transtorno do Espectro Autista (TEA) envolve desafios na comunicação e interação social. A dislexia, por sua vez, está diretamente ligada ao processamento e reconhecimento da linguagem escrita.
Diversos recursos podem auxiliar estudantes com dislexia a desenvolver habilidades de leitura e escrita. Métodos como o fônico, que associa letras e sons, e o multissensorial, que combina estímulos visuais, auditivos e táteis, são eficazes para reforçar o aprendizado. Adaptações no ambiente escolar, como tempo extra para provas, uso de leitores de texto e fontes ampliadas, também fazem diferença.
Atividades lúdicas, como jogos de rimas, caça-palavras e leitura compartilhada, ajudam a tornar o aprendizado mais dinâmico. “O suporte emocional é tão importante quanto as estratégias pedagógicas. Uma criança que se sente valorizada e compreendida tende a se engajar mais no processo de aprendizagem”, afirma Andressa Côrtes, diretora pedagógica do Centro Educacional Pereira Rocha, em São Gonçalo (RJ).
A participação da família no dia a dia escolar é decisiva. Incentivar pequenas conquistas, criar momentos de leitura em casa e manter diálogo constante com professores fortalecem o progresso.
O tratamento da dislexia não envolve medicamentos, mas sim intervenções educacionais e terapêuticas específicas. Fonoaudiólogos trabalham o desenvolvimento da consciência fonológica e a articulação da linguagem, enquanto psicopedagogos ajudam a adaptar métodos de ensino às necessidades individuais. O acompanhamento psicológico pode contribuir para lidar com frustrações e fortalecer a autoestima.
Quanto mais cedo o estudante recebe diagnóstico e inicia acompanhamento, melhores são as chances de avanços significativos. Em casos mais leves, a criança pode superar grande parte das dificuldades com intervenções consistentes; já nos quadros mais severos, o apoio tende a ser necessário ao longo de toda a vida escolar.
Os efeitos da dislexia não desaparecem com o tempo, mas muitos adultos desenvolvem estratégias para contornar as dificuldades. Entre os desafios que podem persistir estão a leitura de textos longos, a organização de informações e a escrita formal. No entanto, habilidades como pensamento criativo, visão estratégica e raciocínio visual costumam ser pontos fortes de muitos disléxicos.
O ambiente acadêmico e o mercado de trabalho devem estar preparados para oferecer condições adequadas a esses profissionais, como uso de recursos tecnológicos e ajustes de prazos para tarefas. A inclusão efetiva contribui para que talentos sejam reconhecidos independentemente das limitações.
A dislexia é uma condição que exige compreensão e apoio contínuos. O conhecimento sobre suas características permite que pais e educadores adotem estratégias mais assertivas e criem um ambiente de aprendizado inclusivo. O diagnóstico precoce, somado a práticas pedagógicas adequadas, oferece à criança a chance de desenvolver seu potencial sem que as dificuldades se tornem barreiras intransponíveis.
Valorizar as habilidades individuais e reconhecer que cada criança tem seu próprio ritmo é parte essencial do processo. Com suporte, paciência e incentivo, é possível transformar desafios em oportunidades e ajudar o estudante com dislexia a construir uma trajetória escolar e profissional de sucesso.
Para saber mais sobre dislexia, visite https://www.ninhosdobrasil.com.br/dislexia-infantil e https://www.neurologica.com.br/blog/quais-sao-os-sintomas-e-opcoes-de-tratamento-para-dislexia-em-criancas/